Mundo
Pinheirinho transformada em ‘praça de guerra’
Carvalho disse que o uso da força não conta com o aval do Governo Federal e que esperava mais diálogo.
“Nós achamos que tem alguma coisa que poderia ser esgotada ainda no diálogo e sobretudo numa saída negociada e humana para as famílias, sem a necessidade daquela praça de guerra que foi armada”, disse o ministro sobre a operação realizada na madrugada do dia 22.
Ele criticou ainda o tratamento dado ao secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, que acompanhava as negociações no local e foi atingido na perna por uma bala de borracha.
“Quando ele mostra a carteirinha, a identidade de funcionário público federal, os guardas o desrespeitam e metem uma bala de borracha nele”, afirmou o ministro após uma solenidade no Palácio do Planalto.
Segundo Carvalho, o Ministério das Cidades deve participar do esforço para realojar os moradores da invasão.
“Eu não quero fazer uma crítica directa ao governo de São Paulo, com todo respeito à autonomia.
Agora, eu só posso dizer que esse não é um método nosso, do Governo Federal”, completou. Carvalho negou que o tema tenha sido discutido em reunião sectorial sobre temas sociais.
Passagens
A Prefeitura de São José dos Campos está a distribuir passagens rodoviárias para os moradores da invasão de Pinheirinho. De acordo com a prefeitura, pelo menos 30 pessoas receberam bilhetes. A maioria tem como destino São Paulo, mas até passagens para o Piauí foram distribuídas.Segundo moradores ouvidos pela Folha, os bilhetes são oferecidos durante a triagem, quando as pessoas retiradas do terreno são reunidas num centro para preencher fichas, usadas para recuperar bens deixados para trás durante a acção da polícia e solicitar assistência da prefeitura.
A entrada da imprensa no centro não está a ser permitida pelos guardas-civis municipais que controlam os portões. Segundo a prefeitura, a medida foi aplicada para evitar “acirrar os ânimos” no local, já que a presença de câmaras e jornalistas pode estimular protestos.
Moradores que formavam uma fila em frente ao centro entraram em confronto com a PM e a Guarda Civil Municipal. Muitos estavam revolta dos com a falta de informações e de organização. Balas de borracha foram disparadas contra manifestantes que jogaram pedras.
No domingo, a Folha mostrou que as tendas armadas para o atendimento de moradores estavam cheias de lama e não tinha protecção lateral. Na segunda-feira, segundo moradores, a situação continuou.
Detenções
A Polícia Militar deteve 14 pessoas durante a madrugada desta segunda-feira na região da favela do Pinheirinho. Com isso, chegou a 30 o número de detidos desde o início da reintegração de posse.Dentre as pessoas que foram detidas, dez tinham invadido uma casa e feito refém um casal de idosos. Os outros quatro estavam num veículo roubado que foi interceptado pela polícia. Ainda segundo a PM, dois dos homens que invadiram a casa eram procurados pela Justiça e foram presos. Do total, ao menos, cinco pessoas permanecem presas.
Durante a madrugada, mais um veículo foi queimado na região próxima ao Pinheirinho. Ontem, a PM já havia registado outros oito veículos queimados, inclusive um carro de reportagem da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo.
Outros incêndios criminosos atingiram ainda, ao menos, uma creche e uma padaria da região. De acordo com a polícia, pessoas atiraram de dentro de um carro um cocktail molotov dentro da creche, que acabou totalmente incendiada.
Um outro cocktail molotov foi usado por pessoas que incendiaram a padaria de um vereador conhecido como Robertinho da Padaria. Não há informação de feridos.
Reintegração
A reintegração da área invadida de Pinheirinho foi marca por confronto entre polícias e moradores. Com isso, três pessoas ficaram feridas, embora a Folha tenha presenciado outras agressões contra moradores durante a acção.A prefeitura da cidade confirmou que houve apenas um ferido por tiro. Atendido no pronto-socorro, a vítima passou por uma cirurgia e a condição de saúde é estável.
A área, onde viviam cerca de 6.000 pessoas, é alvo de uma disputa entre os invasores e a massa falida de uma empresa, proprietária do terreno. Ocupando uma área de cerca de 1,3 milhão de metros quadrados, a invasão Pinheirinho ocorreu há oito anos. Nos últimos dias, o clima no local tem sido de tensão.
Os moradores removidos foram levados ao Centro Polidesportivo do Campo dos Alemães.
Ele criticou ainda o tratamento dado ao secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, que acompanhava as negociações no local e foi atingido na perna por uma bala de borracha.
Incêndio de camiões
Dois homens que se faziam transportar numa moto tentaram incendiar na manhã desta terça-feira um camião numa rua próxima à invasão Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de São Paulo). A área é foco de ataques desde domingo (22), quando a Polícia Militar cumpriu uma ordem de reintegração do terreno onde viviam 6.000 pessoas.Segundo moradores, o ataque aconteceu por volta 10h, quando o caminhão estava parado numa rua.
Dois homens se aproximaram, atiraram gasolina na cabine e atearam fogo. As chamas foram apagadas por funcionários de uma empresa próxima.
O camião não chegou a ser destruído, mas o interior da cabine ficou bastante danificado. Ninguém ficou ferido.
Até o momento, dez veículos, entre carros e camiões, foram incendiados desde a manhã de domingo.
Um dos veículos queimados era da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo.
O camião que sofreu o ataque era contratado pela prefeitura e pouco antes havia efectuado transporte de móveis de moradores do Pinheirinho. No momento do incêndio, estava vazio.
Segundo a PM, os polícias devem ficar na região do Pinheirinho para evitar “ataque relâmpago” de vândalos nos próximos dias, mesmo depois do fim da operação de reintegração de posse, que está prevista para acabar no início da tarde de quarta-feira.
Demolição Máquinas começaram a pôr abaixo nesta terça-feira as casas e barracas da favela do Pinheirinho. A demolição iniciou enquanto moradores ainda retiram seus pertences dentro das casas. Os alvos preferenciais das máquinas são construções vazias onde funcionavam negócios, como funilarias e ferros-velhos instalados no terreno reintegrado.
A PM ainda não divulgou números de quantas casas foram totalmente esvaziadas, mas afirma que o trabalho tem “avançado rapidamente”.
Tribunal responsabiliza governo de São Paulo
O Tribunal de Justiça de São Paulo divulgou uma nota, na tarde desta segunda-feira, em que afirma que a responsabilidade da operação de reintegração do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de SP) é da Justiça, e não do Governo Estadual.
A nota informa que a acção da PM -com cerca de 2.000 polícias, inclusive da Tropa de Choquefoi comandada pela presidência do Tribunal de Justiça até o cumprimento da ordem.
“O Executivo do Estado, como era dever constitucional seu, limitou-se à cessão do efectivo requisitado pelo Tribunal de Justiça”, afirma o comunicado.
O líder do PSDB na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Samuel Moreira, afirmou que nenhum tipo de abuso deve ser cometido durante a reintegração e, que se houver, deve ser apurado. Ele afirmou que o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), está “empenhado” em ajudar os desalojados e “seguro” com a operação.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) escreveu em seu Twitter que o governo “apenas” cumpriu a decisão do Judiciário. “As famílias do Pinheirinho já estão a ser cadastradas e receberão apoio do governo de São Paulo”, afirmou Alckmin no microblog.
Ao menos 30 pessoas já foram detidas e três ficaram feridas, segundo a PM, embora a Folha tenha presenciado outras agressões contra moradores durante a acção.
A Prefeitura de São José dos Campos informou que foram cadastrados e encaminhados para abrigos públicos 623 moradores do Pinheirinho, invasão ocupada pela polícia no domingo (22).
Segundo a prefeitura, a área tinha entre 2.500 e 2.800 moradores, mas nem todos quiseram ir para os abrigos disponibilizados e se acomodaram com amigos e parentes.
A prefeitura diz ter cadastrado 2.490 moradores, mas considera que o número pode ser maior porque há moradores que têm pendências com a e polícia e Justiça e preferem não fornecer os seus dados pessoais.
Estimativas feitas por sindicatos e representantes dos moradores afirmam que a população do Pinheirinho era de cerca de 6.000 pessoas. Segundo a prefeitura, os números foram inflacionados.
O governo municipal diz ter disponibilizado cinco abrigos para os moradores da invasão, mas que até agora só precisou usar dois: no ginásio Ubiratan Maciel, no Campo dos Alemães, e no Caic (Centro de Atenção Integral à Criança) do bairro Dom Pedro, próximo ao Pinheirinho.
Um grupo de pessoas não quis ir para os abrigos e se acomodou na paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, próxima do local da invasão.
O Tribunal de Justiça de São Paulo divulgou uma nota, na tarde desta segunda-feira, em que afirma que a responsabilidade da operação de reintegração do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de SP) é da Justiça, e não do Governo Estadual.
A nota informa que a acção da PM -com cerca de 2.000 polícias, inclusive da Tropa de Choquefoi comandada pela presidência do Tribunal de Justiça até o cumprimento da ordem.
“O Executivo do Estado, como era dever constitucional seu, limitou-se à cessão do efectivo requisitado pelo Tribunal de Justiça”, afirma o comunicado.
O líder do PSDB na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Samuel Moreira, afirmou que nenhum tipo de abuso deve ser cometido durante a reintegração e, que se houver, deve ser apurado. Ele afirmou que o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), está “empenhado” em ajudar os desalojados e “seguro” com a operação.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) escreveu em seu Twitter que o governo “apenas” cumpriu a decisão do Judiciário. “As famílias do Pinheirinho já estão a ser cadastradas e receberão apoio do governo de São Paulo”, afirmou Alckmin no microblog.
Ao menos 30 pessoas já foram detidas e três ficaram feridas, segundo a PM, embora a Folha tenha presenciado outras agressões contra moradores durante a acção.
A Prefeitura de São José dos Campos informou que foram cadastrados e encaminhados para abrigos públicos 623 moradores do Pinheirinho, invasão ocupada pela polícia no domingo (22).
Segundo a prefeitura, a área tinha entre 2.500 e 2.800 moradores, mas nem todos quiseram ir para os abrigos disponibilizados e se acomodaram com amigos e parentes.
A prefeitura diz ter cadastrado 2.490 moradores, mas considera que o número pode ser maior porque há moradores que têm pendências com a e polícia e Justiça e preferem não fornecer os seus dados pessoais.
Estimativas feitas por sindicatos e representantes dos moradores afirmam que a população do Pinheirinho era de cerca de 6.000 pessoas. Segundo a prefeitura, os números foram inflacionados.
O governo municipal diz ter disponibilizado cinco abrigos para os moradores da invasão, mas que até agora só precisou usar dois: no ginásio Ubiratan Maciel, no Campo dos Alemães, e no Caic (Centro de Atenção Integral à Criança) do bairro Dom Pedro, próximo ao Pinheirinho.
Um grupo de pessoas não quis ir para os abrigos e se acomodou na paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, próxima do local da invasão.
1 de Fevereiro de 2012
17:40
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