Podemos rezar os salmos de maldição
Os salmos de maldição ou de imprecação, como o próprio nome já diz, expressam o desejo de que recaiam males sobre alguém. Um exemplo claro de um salmo de imprecação é o de nº 57 (58). Vejamos:
Fazeis mesmo justiça, ó poderosos?
É segundo o direito que julgais os homens?
Não! Do fundo do coração cometeis crimes;
no país de vossas mãos distribuem a injustiça.
Desde o seio materno os maus se desviaram;
desde o seu nascimento os mentirosos se perdem.
Têm um veneno como o da serpente,
como o veneno da víbora surda que fecha os ouvidos
para não ouvir a voz do encantados,
do mago mais perito.
Ó Deus, quebra-lhe os dentes na boca;
Senhor, parte suas presas de leões!
Que se dissipem, como água que corre,
que sequem como o mato que se pisa.
Como a lesma que se derrete e some,
como o abortivo que nunca viu a luz do dia.
Antes que cresçam, sejam extirpados como o espinho,
sejam ceifados como o mato que o vento carrega.
O justo se alegrará ao ver a vingança;
lavará seus pés no sangue dos maus.
Dirão: “Sim, existe recompensa para o justo;
existe um Deus que governa a terra!”
É segundo o direito que julgais os homens?
Não! Do fundo do coração cometeis crimes;
no país de vossas mãos distribuem a injustiça.
Desde o seio materno os maus se desviaram;
desde o seu nascimento os mentirosos se perdem.
Têm um veneno como o da serpente,
como o veneno da víbora surda que fecha os ouvidos
para não ouvir a voz do encantados,
do mago mais perito.
Ó Deus, quebra-lhe os dentes na boca;
Senhor, parte suas presas de leões!
Que se dissipem, como água que corre,
que sequem como o mato que se pisa.
Como a lesma que se derrete e some,
como o abortivo que nunca viu a luz do dia.
Antes que cresçam, sejam extirpados como o espinho,
sejam ceifados como o mato que o vento carrega.
O justo se alegrará ao ver a vingança;
lavará seus pés no sangue dos maus.
Dirão: “Sim, existe recompensa para o justo;
existe um Deus que governa a terra!”
Diante desse conteúdo é lícito ao católico rezar esses Salmos? Trata-se de um tema aparentemente controverso. O Papa Paulo VI quando promulgou a Liturgia das Horas, excluiu alguns Salmos e versículos, conforme explica no nº 131 da Instrução Geral Sobre a Liturgia das Horas:
A “dificuldade psicólogica” mencionada pelo Papa Paulo VI nada mais é que a dificuldade em coadunar tais Salmos e versículos à fe cristã. O fiel precisaria aprender a interpretar os Salmos da maneira correta, ou seja, de forma cristológica. A mesma Instrução ensina como ler e meditar os Salmos.
Portanto, os Salmos devem ser lidos de forma cristológica, ou seja, a partir de Cristo, a partir de uma espiritualidade do Novo Testamento. É por isso que todos os Salmos, na Liturgia das Horas, são precedidos de um versículo bíblico do Novo Testamento, para recordar ao orante que aquele texto, oriundo do Antigo Testamento, deve ser lido sob a ótica do Novo Testamento.
Sendo assim, é possivel sim ler os Salmos imprecatórios, mas não como maldição. A leitura deles deve ser dupla: todas as vezes que se deparar com um versículo imprecatório, este deve ser aplicado ao Inimigo de Deus, ou seja, àqueles que já estão condenados, quais sejam, os anjos, os demônios. Estes Salmos são, portanto, um combate entre o Inimigo e os homens, na luta contra o pecado.
Além do mais, os católicos nunca lêem a Bíblia ao pé da letra e, muito menos, o Antigo Testamento. Para saber como se deve ler as passagens obscuras da Bíblia, como essas, e da relação entre o Antigo e o Novo Testamento, o Papa Bento XVI ensina na Exortação Apostólica Verbum Domini:
A primeira atitude, portanto, é a de utilizar os Salmos e versículos imprecatórios contra o demônio, contra o pecado. A segunda atitude - que também é corroborada pelos Santos Padres - é a de ler esses textos não como maldição, mas como profecia do que acontecerá com os maus quando chegar o Juízo Final. Não devem ser atribuídos a outra pessoa, mas a si próprio. E, por meio deles, dar graças a Deus pela misericórdia, pelo amor, pela conversão, pelo chamado que Deus proporcionou, pois, não fosse isso, o destino seria o Inferno.
Quando passar o tempo da Paciência, Graça e da Misericórdia que vivemos hoje e nos depararmos com o Justo Juiz e a sua consequente Justiça, aqueles que O rejeitarem serão tratados como narram os salmos imprecatórios. Que Deus nos conserve com os olhos sempre atentos no reto caminho e que esses salmos nos lembrem sempre do fim que nos aguarda, caso nos desviemos dele.
Por Pe. Paulo Ricardo.
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